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O processo de globalização iniciado em 11-12-2001 (1) com a adesão da China à Organização de Comércio Mundial, representou um passo importante para as grandes empresas ocidentais continuarem a suas políticas de aumento de rentabilidade dos respetivos modelos de negócio, através da redução de custos operacionais, nomeadamente custos associados à mão-de-obra. A estabilidade social e política da China e a sua abertura económica, eram mais que apetecíveis para a expansão de negócios a um mercado vastíssimo em termos de população e que ansiava por melhorias das condições de vida.

Os excedentes financeiros conseguidos por estas grandes multinacionais, acumulados durante décadas do fim do milénio, principalmente depois das crises petrolíferas dos anos 70, permitiram arriscar o investimento no continente asiático.(2)

É Deng Xioping que a partir de 1979 inicia o chamado período "Reforma e abertura" da economia e sociedade Chinesas, numa sociedade em que nos finais dos anos 70 a agricultura representava 37% do GDP. (3)

A China e todo o continente asiático era um caminho inevitável para a grandes empresas ocidentais, já que os custos de produção naquela zona do globo eram significativamente mais baixos; A enorme liquidez das empresas ocidentais, na altura permitia arriscar, mesmo no pior cenário de perda total do investimento, por questões políticas ou de instabilidade na região.

Iniciado o processo de globalização, com a deslocalização de unidades de produção para o continente asiático, inicia-se também uma fase de crescimento e expansão das economias globais, alimentadas pelos produtos "baratos" vindos daquele continente.

Para alimentar toda esta expansão do comércio internacional, foi preciso criar fluxos financeiros que o sustentassem, nomeadamente através da emissão de moeda. Este aumento exponencial da divida publica dos países, alicerçada no crédito imobiliário implodiu em 2008 nos países ocidentais, quebrando um ciclo de expansão económica.

A expansão da economia Chinesa é alicerçada numa forte especulação imobiliária, em parte devido á organização do "Capitalismo de Estado" do governo Chinês (5), com uma forte componente de investimento em países ocidentais com economias consolidadas, cerca de 318 biliões de dólares nos últimos 10 anos (6), e que permite diminuir riscos desta componente de especulação da economia Chinesa.

O que temos vindo a assistir pós crise financeira de 2008, e que foi acelerado com a pandemia, têm sido a consolidação de cadeias de valor, numa cartelização da produção e distribuição de bens.

Os monopólios criam-se como consequência da otimização de recursos que existe em depender de menos fornecedores. O resultado é a cereja em cima do bolo, com os monopólios a colherem grandes ganhos financeiros, com a diminuição da concorrência e a cartelização dos preços.

Chegados aqui, e com a diminuição da procura de certos bens, em parte devido á pandemia, em parte devido a mudanças de hábitos de consumo e perante a dificuldade em aumentar o consumo de certos bens, sobra criação de lucro por via da diminuição da oferta, criando escassez em determinados mercados, escassez essa que vai aumentar os preços de venda ao público dos produtos nesses marcados.

Fontes:

1-"www.wto.org/english/thewto_e/countries_e/china_e.htm"

2-"www.epi.org/productivity-pay-gap"

3-"China´s Economy, What Everyone Needs to Know", por Arthur R. Kroeber

5-"www.bloomberg.com/news/newsletters/2021-10-23/china-s-real-estate-bubble-started-with-state-capitalism-new-economy-saturday"

6-"www.bloomberg.com/graphics/2018-china-business-in-europe/"

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